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15 de julho de 2025SAIBA TUDO SOBRE A NORMA DA ERGONOMIA
SAIBA TUDO SOBRE A NORMA DA ERGONOMIA
NR-17 estabelece parâmetros para permitir a adaptação das condições laborais às características psicofisiológicas dos trabalhadores
A edição e o adiamento da Norma Regulamentadora 1 (NR-1) geraram um enorme debate, entre empresas, órgãos fiscalizadores, sindicatos de classe e especialistas em Direito do Trabalho, sobre os custos das adaptações necessárias para tornar o ambiente de trabalho amigável e promover a saúde mental dos colaboradores. Entretanto, enquanto a discussão acerca da NR-1 avança, outra norma importante (e já em vigor) segue sendo negligenciada por muitas empresas: a NR-17, que regulamenta a ergonomia no ambiente de trabalho.
Em vigor desde 2018, a NR-17 estabelece parâmetros para adaptar as condições laborais às características psicofisiológicas dos trabalhadores, visando evitar doenças ocupacionais como Lesões por Esforços Repetitivos (LEPs), dores crônicas e problemas na coluna. A norma abrange desde o ajuste de móveis e equipamentos até a organização da jornada, incluindo pausas, ritmo de produção e, até o teletrabalho.
O boletim de julho elaborou um resumo técnico da NR-17, com foco nas medidas preventivas recomendadas às empresas, especialmente úteis para gestores, contadores e profissionais da área de Compliance e Segurança do Trabalho. Confira a seguir.
LEVANTAMENTO, TRANSPORTE E DESCARGA DE MATERIAIS
Avaliação de riscos
Fazer a Análise Ergonômica do Trabalho (AET), identificando os riscos relacionados a levantamento, transporte e descarga de materiais, com o objetivo de prevenir afastamentos e garantir a continuidade das atividades operacionais.
Treinamento
Disponibilizar treinamentos periódicos sobre técnicas corretas de movimentação de cargas, visando à redução de lesões e à manutenção da força de trabalho ativa.
Equipamentos
Providenciar equipamentos de apoio — como carrinhos, empilhadeiras e similares — que minimizem o esforço físico dos colaboradores e contribuam para a redução de passivos trabalhistas.
Organização do trabalho
Estruturar os fluxos logísticos e operacionais de forma a evitar a manipulação manual excessiva de cargas, promovendo soluções automatizadas e sistemas de armazenagem eficientes.
Limites de peso
Observar os limites estabelecidos pela legislação para o levantamento manual de cargas, adotando estratégias de fracionamento ou redistribuição do peso, com foco na conformidade e no bem-estar dos colaboradores.
Pausas
Estabelecer intervalos regulares nas atividades que envolvam esforço físico, de modo a preservar a integridade física dos trabalhadores e evitar afastamentos por fadiga ou distúrbios musculoesqueléticos.
MOBILIÁRIO DOS POSTOS DE TRABALHO
Cadeiras
Disponibilizar cadeiras com ajuste de altura, apoio lombar e braços reguláveis, adaptadas à postura ergonômica exigida pelas funções desempenhadas.
Mesas
Utilizar mesas com altura compatível ao tipo de atividade e ao biotipo do colaborador, preferencialmente com ajustes que permitam adequação individual.
Apoio para os pés
Oferecer apoios para os pés aos trabalhadores que não conseguem mantê-los completamente apoiados no chão, com o objetivo de evitar sobrecargas posturais.
Alternância de posturas
Estimular a alternância de posturas durante a jornada, com uso de mobiliários que permitam trabalhar em pé e pausas para alongamentos, promovendo a saúde musculoesquelética.
Manutenção
Realizar manutenção periódica dos móveis, assegurando a funcionalidade e o bom estado dos mecanismos de ajuste, com impacto direto à produtividade e à prevenção de acidentes.
Avaliação individual
Conduzir avaliações personalizadas dos postos de trabalho, considerando as características antropométricas e as necessidades específicas de cada colaborador.
EQUIPAMENTOS DOS POSTOS DE TRABALHO
Monitores
Utilizar monitores com ajuste de altura e inclinação, instalados a uma distância adequada dos olhos, evitando reflexos e esforço visual excessivo.
Teclados e mouses
Fornecer periféricos ergonômicos que possibilitem o uso confortável e seguro, com redução de tensões em punhos e antebraços.
Suportes para documentos
Empregar suportes que mantenham os documentos na linha de visão, evitando movimentos repetitivos de cabeça e pescoço.
‘Headsets’
Fornecer fones de ouvido com microfone integrado aos colaboradores que utilizam telefone com frequência, reduzindo o uso inadequado dos ombros e prevenindo lesões cervicais.
Organização do espaço
Manter os itens de uso frequente ao alcance direto do colaborador, otimizando a organização e reduzindo movimentos desnecessários.
Iluminação adequada
Assegurar iluminação apropriada no posto de trabalho, evitando ofuscamentos e sombras, o que contribui para o conforto visual e a qualidade laboral.
CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE TRABALHO
Ruído
Realizar medições periódicas de ruído e implementar medidas de controle, como isolamento acústico ou uso de protetores auriculares, de acordo com os limites legais.
Temperatura
Manter a temperatura do ambiente dentro de faixas de conforto térmico por meio de ventilação ou climatização adequadas, reduzindo o estresse térmico.
Iluminação
Ajustar a iluminância conforme a natureza da atividade, com base em normas técnicas, priorizando, sempre que possível, o aproveitamento da luz natural.
Ventilação
Garantir a circulação e a renovação contínua do ar, evitando a concentração de poluentes internos e promovendo a salubridade do ambiente.
Umidade
Controlar os níveis de umidade relativa do ar, utilizando sistemas de umidificação ou desumidificação, conforme necessário para o conforto ambiental.
Monitoramento
Implantar sistemas de monitoramento contínuo das condições ambientais, com base em indicadores técnicos e no feedback dos trabalhadores.
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Pausas
Implementar pausas programadas durante a jornada, permitindo as recuperações física e mental dos colaboradores, conforme diretrizes ergonômicas.
Rodízio de tarefas
Adotar o rodízio de atividades entre trabalhadores, alternando funções que exigem diferentes grupos musculares, minimizando o risco de lesões por esforço repetitivo.
Treinamento
Oferecer capacitações regulares sobre ergonomia e prevenção de doenças ocupacionais, sensibilizando os colaboradores quanto aos riscos e às boas práticas.
Participação dos trabalhadores
Estimular a participação ativa dos colaboradores na identificação de riscos e na proposição de melhorias ergonômicas, promovendo engajamento e corresponsabilidade.
Análise Ergonômica do Trabalho (AET)
Realizar a AET nos diferentes setores da empresa, identificando riscos específicos e propondo intervenções adequadas às características físicas e psicossociais dos funcionários.
Planejamento do trabalho
Distribuir as atividades de forma equilibrada ao longo da jornada, respeitando as capacidades individuais dos colaboradores e evitando sobrecargas física e mental. A implementação efetiva das diretrizes da NR-17 representa não apenas o cumprimento de uma obrigação legal, mas também uma oportunidade de reduzir passivos trabalhistas, aumentar a produtividade e melhorar a saúde ocupacional. Ao adaptarem os postos de trabalho às características dos profissionais, as empresas promovem um ambiente mais seguro, eficiente e alinhado com as boas práticas de governança corporativa.
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