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2 de outubro de 2025O Custo invisível da redução de jornada
A proposta de redução da jornada de trabalho no Brasil por imposição legal, como a sugerida por Projetos de Emendas Constitucionais (PECs), embora bem-intencionada, seria prejudicial para o setor empresarial e para a economia como um todo.
A principal crítica é que essa medida aumentaria os custos para as empresas, especialmente para os pequenos negócios. Estudos da Fecomercio SP e da CNI, que estimam um aumento de 37,5% no custo da hora de trabalho e um impacto anual de R$ 178,8 bilhões para a indústria. Além disso, a proposta poderia levar à contratação de mais funcionários, o que é inviável para muitas empresas, e agravaria a falta de mão de obra qualificada no mercado.
Os países que adotaram jornadas menores, como Noruega e Bélgica, fizeram isso após anos de aumento de produtividade. O Brasil, por outro lado, tem produtividade estagnada e está na 100ª posição no ranking da OIT. A redução da jornada deve ser resultado de negociações coletivas e vir acompanhada de ganhos de produtividade, inovação e investimentos em tecnologia, e não ser imposta por lei. A imposição, sem as devidas contrapartidas, pode gerar um retrocesso, com perda de competitividade, aumento de gastos e fechamento de vagas de emprego.
Opiniões de Notáveis da Mídia e do Setor Econômico
A proposta de redução da jornada de trabalho tem gerado debates acalorados, e figuras proeminentes da mídia e do setor econômico têm expressado suas posições, muitas delas alinhadas com a nossa preocupação.
Luiz Carlos Mendonça de Barros
O economista e ex-presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros, frequentemente em seus artigos e entrevistas, defende a importância da produtividade como motor do crescimento econômico. Ele argumenta que medidas legislativas que aumentam custos trabalhistas sem um aumento correspondente na produtividade tendem a frear o desenvolvimento, prejudicando a competitividade das empresas brasileiras no cenário global. A visão de Mendonça de Barros ecoa a preocupação do texto de que a redução da jornada, sem ganhos de produtividade, pode ser um “tiro no pé” para a economia.
William Waack
O jornalista e comentarista político William Waack, conhecido por sua análise crítica da economia, já manifestou ceticismo em relação a propostas que prometem benefícios sociais sem considerar a realidade fiscal e empresarial. Em suas análises, Waack frequentemente destaca a pesada carga tributária e a burocracia no Brasil como obstáculos ao crescimento. Ele já mencionou em seus programas que a redução da jornada, se não for acompanhada de um planejamento robusto e ganhos de produtividade, poderia ser mais um fator a desestimular o investimento e a criação de empregos formais.
Cristiana Lôbo
Embora a jornalista e analista política Cristiana Lôbo tenha se posicionado de maneira mais ampla, suas análises sobre a política econômica sempre destacaram a importância de medidas que promovam o crescimento de forma sustentável. Ela frequentemente criticava propostas que considerava populistas ou economicamente insustentáveis, defendendo a necessidade de reformas estruturais que incentivem o setor produtivo. A sua visão de uma economia mais eficiente e menos burocrática se alinha com a ideia de que a jornada de trabalho ideal deve ser um resultado de um ambiente econômico saudável, e não uma imposição legal que ignore os custos.
Essas opiniões convergem para o ponto central da ideia: a redução da jornada de trabalho, por si só, não é uma solução mágica. Para ser benéfica e sustentável, ela precisa estar intrinsecamente ligada a um aumento da produtividade e a um ambiente de negócios que estimule o crescimento, a inovação e o investimento. Caso contrário, o risco é de que a medida gere mais desemprego e menos competitividade.
